Há poucos anos atrás, havia inúmeros espaços nas cidades onde as crianças podiam se movimentar à vontade. Lugares geralmente de terra batida, cercados por árvores e córregos. Eram verdadeiras "pinturas". Mas o que mais se notava nessas áreas era, sem dúvida alguma, a alegria das crianças. Elas praticavam diversas atividades: Pipas, Taco (alguém se lembra?), Pega-Pega, Esconde-Esconde, Cabo-de-Guerra, Futebol (claro) e muito mais! A criatividade das crianças era altamente estimulada. Bastava achar um pneu velho e pronto: Surgia uma nova brincadeira. Não dava pra ir embora dali! As mães chamavam diversas vezes e as respostas eram sempre as mesmas: - JÁ VOU MÃE!!!E íamos somente à noite: Cansados, sujos e muitas vezes machucados (ora sem o tampão do dedão do pé ou ralados os joelhos), mas com certeza muito felizes: Tínhamos histórias para contar!
No caso do futebol, o assunto em questão, quantas crianças se tornaram bons jogadores dando suas "pernadas" nesses "campinhos"? Ali estava presente a espontaneidade, a criatividade e principalmente a IMPROVISAÇÃO, capacidades fundamentais para a formação de bons jogadores.
Inúmeros fatores propiciavam essa evolução, tais como o terreno acidentado, a utilização de diversos tipos de bola (incluvive a famosa BOLA DE MEIA), os pés descalços, espaços reduzidos e principalmente joguinhos onde as crianças jogavam (e aprendiam) se divertindo. Ex: rebatida, bobinho, controle e o melê.
Com o crescimento das cidades (urbanização) e consequentemente o fim dos "campinhos de várzea", surgiram as escolinhas de futebol, comandadas por ex-jogadores, que na sua grande maioria ainda tem uma forma de ensinar (metodologia) que não prioriza as capacidades acima descritas. Consequência? Jogadores limitados, sem criatividade e que não possuem uma boa leitura do jogo. Imitadores de gestos.
Mas tudo isso será assunto para uma outra oportunidade.
Na foto ao lado, tirada em 1975, podemos ver algumas crianças que se divertiram muito!! No local (que chamávamos de "Campinho da Campos Salles"), hoje encontra-se instalada a fábrica da Textil Elizabeth (Grupo Vicunha). Ao fundo podemos ver o prédio do Clube 7 de Setembro, do saudoso Zé Totico.
Em pé: Pepê Belgini, Serginho Almeida (da Óptica Belém - irmão do Zézica, que também começou ali), Muricy e Reinaldo Medeiros.
Agachados: Fran Bertoni, Juninho, Ricardo Siqueira e Ademir Húngaro.
Bons tempos aqueles!
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