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"A habilidade de alcançar a vitória mudando e adaptando-se de acordo com o inimigo é chamada de GENIALIDADE"

- Sun Tzu, A Arte da Guerra.

domingo, 22 de março de 2009

A Especialização Esportiva Precoce


(...) "Nas suas origens, o esporte tem um caráter lúdico, estando, em seu cerne, o prazer do homem em brincar"(...) (Gonçalves, 1997).

Hoje abordarei um assunto de suma importância em nosso meio: A Especialização Esportiva Precoce. Primeiramente vamos ao seu significado: Segundo Wilton Carlos Santana, 2005, é o período em que a criança começa a aprender de forma específica e planejada a prática esportiva, adotando-se programas e treinamentos especializados, onde a criança faz, sistematicamente, um único tipo de esporte e aulas que não são diversificadas. Para Kuns, 1994, a especialização precoce é um processo que acontece quando crianças são introduzidas antes da fase pubertária a um treinamento planejado e organizado em longo prazo, e que se efetiva em um mínimo de três sessões semanais, com o objetivo do gradual aumento do rendimento, além de participação periódica em competições esportivas. A grande maioria dos estudiosos critica esse programa de esportes organizados para crianças. Piaget, 1980, afirma que a criança, em um ambiente competitivo precoce, confunde as regras com objetivos por causa do seu realismo e por seu egocentrismo. Defende ainda, que o esporte coletivo exerce fascínio nas crianças muito mais pelo prazer da atividade e pela coletividade do que pela competição. Santana, 2004, afirma que nesse tipo de treinamento, a criança é pressionada a comportar-se como alguém que não é. Mas há quem diga ainda, que essa metodologia pode ser eficaz para descobrir novos talentos esportivos. Pode até ser verdade, no entanto, acreditamos que os danos são maiores que os benefícios. Se não vejamos: Quantos atletas talentosos e famosos vemos hoje em dia? Será que se nos preocupássemos em desenvolver as crianças longe de um contexto imediatista, formando-as em longo prazo, não teríamos um número maior de atletas talentosos? Creio que sim!
Quando temos toda uma orientação voltada para a busca precoce de resultados imediatos, vemos cada vez mais distante uma iniciação esportiva adequada. O problema agrava-se quando sabemos que essa busca pela especialização precoce tende a encontrar, a cada dia que passa, mais adeptos no meio esportivo. Por quê? Por que a especialização precoce permite resultados a curto prazo. Significa dizer que o Técnico que incluir métodos de treinamentos especializados obterá melhores resultados (a curto prazo) do que priorizar uma iniciação esportiva comprometida com a construção do conhecimento relativo às particularidades do esporte, com a promoção e a incorporação de valores e idéias indispensáveis ao desenvolvimento humano, valorizando a criança enquanto um ser criativo, espontâneo, em formação. Desvincular o processo de iniciação do treinamento precoce e da excessiva competitividade, poderá significar não conquistar medalhas. Assim, vemos alimentados e fomentados os desejos dos imediatistas (SANTANA, 2001).

Marques (1991) afirma que "a formação multilateral (e aqui não pode ser entendido apenas do ponto de vista motor) tem reflexos a longo prazo no rendimento (...) não cria condições para êxitos imediatos (...), pelo contrário a especialização precoce permite uma rápida obtenção de resultados". Para onde nos levará criarmos na iniciação um contexto imediatista? Entendendo como contexto imediatista, objetivamente, quando o Técnico ou Professor tem à sua disposição um grupo de crianças entre 05 e 12 anos, e estabelece como objetivos: promover uma equipe titular, estruturada técnica e taticamente, vencer os adversários, disputar as finais, conquistar títulos. Todas as suas iniciativas e dos pais e dirigentes são nessa direção. (SANTANA, 2001).

Em artigo anterior verificamos que a idade ideal para se iniciar em uma atividade esportiva, seria no estágio operatório, por volta dos 6 e 7 anos de idade. Entre os 12 e 14 anos de idade, a criança/adolescente é orientado para que a especialização esportiva. Mas infelizmente presenciamos que na grande maioria das escolas de futebol a especialização precoce se inicia bem antes da idade ideal. Piorando ainda mais a situação, essa especialização ocorre por métodos tecnicistas (exercícios fracionados visando a aprendizagem/aprimoramento técnico dos fundamentos), que em nada ajudam a formação do jogador inteligente.

Não são raras as vezes em que as crianças e jovens são colocados diante de situações complexas antes de atingir estágios básicos de desenvolvimento motor, exigindo-se comportamentos que não são adequados à sua capacidade de realização (DE ROSE JR, 2002). Singer (1977) realça que existem períodos maturacionais ideais para determinadas experiências onde o indivíduo estará mais preparado, permitindo, desta forma, com que as vivências tragam maiores e melhores benefícios. Ou seja, respeitar as faixas de crescimento. É exatamente nesse desequilíbrio que se pode encontrar o grande aspecto negativo da competição infanto-juvenil. Normalmente, quando isso ocorre e a criança e o jovem são submetidos a desafios, surgem problemas de ordem física, como o aparecimento de graves lesões, que podem até afetar o processo de crescimento e desenvolvimento, e de ordem psicológica, que podem levar à sérias conseqüências comportamentais.

A prontidão competitiva inclui componentes físicos, fisiológicos, psicológicos (emocionais e cognitivos) e sociais (DE ROSE JR, 2002). Criar nas crianças a idéia de tornarem-se campeões e craques, coisas que necessariamente não as serão podem ocasionar grandes problemas. É inaceitável o esporte entrar na vida de uma criança apenas como referenciais de competição e rendimento, fazendo-a persegui-los a qualquer preço. Difundir entre crianças a idéia de que só a vitória é importante, é incoerente. Além dos problemas acima descritos, há efeitos do treinamento precoce no aparelho locomotor e cardiorespiratório, na coluna vertebral, no crescimento e na maturação sexual (DE ROSE JR, 2002).

Mas o problema, em grande parte, não é do professor (na maioria das vezes um empregado do clube). A pressão pelas conquistas tem várias fontes. É preciso conquistar troféus, dizem os dirigentes. É preciso vencer!!! E quem não vence é um fracassado! Essa é uma realidade nos meios esportivos. Dizem ainda que um vice-campeão seria o “campeão dos perdedores”.
A exigência dos pais também deve ser levada em consideração. Nenhum pai gosta de ver seu filho perder. Já escutei: “Ora, se estamos numa competição, estamos para vencer!!” Não é exatamente isso que ocorre?

Atitudes de pais, dirigentes, árbitros, torcidas e colegas do meio esportivo, também alteram a postura dos técnicos durante a competição. Aqueles que se preocupam – ou deveriam - em uma pedagogia voltada para a educação e complexidade, transformam-se em pessoas interessadas em quebra de recordes, conquistas de troféus e resultados imediatos, com uma postura irreconhecível (e inaceitável) dentro da quadra/campo.

Errados somos todos nós, que fazemos da competição um fim em si mesma: a busca dramática pela vitória, transformando a disputa entre crianças num verdadeiro "campo de batalha". Nós que criamos a "seriedade", a "obrigatoriedade pela vitória", a formalidade, os regulamentos, retiramos o lúdico, a brincadeira, o faz de conta. Nós é que queremos transformar a criança precocemente num campeão, atleta, artilheiro. Nós é que queremos que o nosso filho seja titular, vencedor, responsável (SANTANA, 2001). A mídia e a sociedade capitalista também detém grande parcela de culpa: Veem o esporte como uma mercadoria de consumo (CAPITANIO, 2003). Ghiraldelli, 1993, diz que esta abordagem esportiva atual acaba encobrindo uma estrutura social injusta e excludente, pois ele, o esporte, aparece como sendo a salvação para a marginalidade e a pobreza, praticando-o, a criança, adolescente ou o adulto, estaria a caminho da ascensão social. E todas essas atitudes interferem nas experiências esportivas de seus praticantes, não somente no momento da competição, mas também aos valores e aos princípios que norteiam a forma como o esporte é ensinado e praticado (KORSAKAS, 2002).
A pedagogia do esporte não se resume a métodos e programas de treinamento. Ela é mais complexa (princípios, objetivos, estratégias, comunicação, conteúdos, sensibilidade, diálogo com o sistema humano). Valores que permeiam o competir, como participação, alegria, entrega, cooperação, perseverança, auto-estima e o próprio aprendizado técnico e tático, raramente são considerados relevantes (...). O que se pode discutir, e talvez isso seja relevante, é o tratamento que os professores dão à competição (SANTANA, 2004). A criança precisa perceber a importância de saber lidar com as diferenças, e quem aprende que só a vitória tem valor, poderá não saber lidar com as nuanças, valorizar a busca, o esforço próprio, respeitar o outro, interagir, cooperar, rever pontos de vista (SANTANA, 2001).

Parece haver muita disparidade entre como a criança faz e pensa e como os regulamentos e os adultos a obrigam a agir. Parece haver muita cobrança, formalidade, preciosismo, discriminação (SANTANA, 2001). Muitas dessas competições seguem moldes e normas determinadas para a competição adulta, espelhando-se em modelos pouco recomendados para as diferentes faixas etárias e outras variáveis importantes como o sexo, o estágio de desenvolvimento e o nível de habilidade dos praticantes, entre outras (DE ROSE JR, 2002).

Há estudos que comprovam que crianças que iniciaram precocemente no esporte e, por uma lesão grave, estresse de competição, treinamento, desinteresse, saturação, o abandonaram também precocemente. Será que esse fato, por si só, não coloca em dúvida a metodologia adotada? (SANTANA, 2001). Outro fator que comprova o abandono precoce das quadras é o próprio quantitativo de equipes disputando as categorias maiores. É visível a diminuição do número de equipes nas categorias infanto-juvenil. Onde estão aqueles jogadores que atuavam nas categorias “fraldinha”, “pré-mirim” ou “mirim”? Simplesmente pararam.

A verdade é que, no momento em que a submissão da criança aos pensamentos e atitudes dos adultos vai se acabando, e conseqüentemente, ela pode decidir o que quer fazer, ela simplesmente abandona o esporte. Isso não é absolutamente preocupante? Por si só, não é motivo suficiente para repensarmos o processo de iniciação esportiva da criança? E pensar que esse sujeito, desistindo do esporte na infância, tenderá a não praticá-lo por toda sua vida? Tenderá a não incorporá-lo à sua cultura? Tenderá a não praticá-lo nas suas horas de lazer e entretenimento? No caso de possuir talento, não poderá usufruir do seu ápice esportivo como atleta da modalidade, que acontece mais para frente, dos vinte e quatro aos vinte e sete anos (CINAGAWA, 1993). Nem poderá fazer parte de um grupo privilegiado que pratica o Esporte-Espetáculo e até vir a fazer dessa atividade sua profissão (SANTANA, 2001).

Abaixo segue um quadro comparativo entre a aprendizagem e a especialização: Na próxima postagem abordaremos as formas de competição atualmente usadas, que devem urgentemente ser alteradas. Até lá!




terça-feira, 17 de março de 2009

COLÉGIO INTEGRAL: O FUTSAL é uma paixão!!

O Colégio Integral também tem a sua Escola de FUTSAL. Os treinos acontecem durante o período noturno e suas sessões são coordenadas pelo Prof. Dênis. Os alunos estão muito aplicados e brevemente poderão participar de campeonatos. A estrutura física do Colégio, aliada a toda a competência do professor e das secretárias, resultam em uma escola de sucesso. Nas fotos ao lado vemos alguns dos atletas: Enzo, Gabriel, Luca, Luis Henrique e Maria Luiza. (brevemente divulgaremos outros atletas). Parabéns a todos!!! ( E continuem treinando sempre com vontade!!).
























quinta-feira, 12 de março de 2009

Qual é a idade ideal para a iniciação no futebol?


Olá Amigos!
Muitas pessoas me perguntam, principalmente os pais, qual seria a melhor idade para a criança iniciar as atividades futebolísticas. Acredito que primeiramente, até os 5 ou 6 anos de idade, a criança deva passar por atividades físicas que propiciem o desenvolvimento de suas habilidades básicas como correr, saltar, pular, arremessar, pegar, rolar, etc (Não há de falar ainda em atividade futebolística, muito embora poderemos dar muitos jogos com os pés). Tudo isso dará toda sustentação para as exigências do jogo a ser praticado nos anos subseqüentes. Mas quais atividades então devemos oferecer? É muito simples: Jogos e brincadeiras (jogos simbólicos). Além dos inúmeros benefícios que trazem, os jogos e brincadeiras estimulam a criança a se interessar por alguma modalidade esportiva. Quando ela tiver conhecimento de sua individualidade, do espaço de jogo, do sistema de competição, o respeito aos companheiros e noção do mundo ao seu redor, poderemos dar início às atividades competitivas. Seria a PRONTIDÃO ESPORTIVA, segundo Robert Malina (1988): “é o equilíbrio entre o nível de crescimento, de desenvolvimento e de maturação e o nível da demanda competitiva. Quando a demanda for maior que as características individuais, então o indivíduo não estará pronto para competir". Devemos portanto, tomar cuidado com a especialização precoce. Ela trás problemas como lesões, estresse, saturação, descontentamento e problemas psicológicos que ocasionam invariavelmente o encerramento da prática esportiva. Mas esse é um assunto para outra oportunidade. Segundo os estudos de JEAN PIAGET, a criança entraria no que ele chama de estágio operatório por volta dos 6 e 7 anos de idade. Antes disso, de 2 a 5 anos estaria no estágio pré-operatório. Vamos a algumas características desses dois estágios. No pré-operatório a criança “transforma” a sua realidade para que essa combine com a sua realidade. Há um egocentrismo nesse estágio. O mundo é que se encaixa no mundo da criança e não o contrário. A criança não consegue acompanhar a lógica dos adultos. Ou seja, estão no mundo do faz de conta. Outra característica desse estágio é que as crianças de até 5 ou 6 anos não seguem regras coletivas. Exploraremos a motricidade da criança por meio de JOGOS SIMBÓLICOS. (liberdade de regras, desenvolvimento da imaginação e fantasia, ausência de objetivos, etc).
A partir dos 6 anos inicia-se na criança o amadurecimento cognitivo. Junto a isso começa o processo de socialização. A criança percebe que o mundo não é só ela. Ela precisa dos outros para se adaptar ao “novo mundo”. Então, é preciso respeitar regras. Regras essas oferecidas por um JOGO COLETIVO. O jogo simbólico agora não é mais o suficiente.
Finalizando, os professores devem ficar muito atentos às crianças, pois elas não se desenvolvem no mesmo ritmo e ao mesmo tempo, assim o fator idade não deve ser levado de forma rígida.
FONTE: Universidade do Futebol; CDOF; Pedagogia do FUTSAL.